sábado, 4 de fevereiro de 2012

Gastos com Minha Casa, Minha Vida serão reclassificados

A equipe econômica mudará a classificação dos gastos com o Programa Minha Casa, Minha Vida para aumentar os investimentos e reduzir o crescimento das despesas de custeio manutenção da máquina pública. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse nesta sextafeira, 27 de janeiro, que os gastos com o programa habitacional, atualmente consideradas como custeio, passarão a ser incluídos nos investimentos federais, que incluem as obras públicas e a compra de equipamentos pelo governo.
Desde meados do ano passado, estamos trabalhando na mudança e, a partir de 2012, vamos alterar a classificação, disse o secretário ao comentar o superávit primário do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) de 2011. Para o secretário, a mudança permitirá que os gastos públicos sejam avaliados de forma mais precisa.
Pelos critérios atuais, os investimentos encerraram o ano passado com crescimento de apenas 0,8% em relação a 2010, enquanto os custeios aumentaram 13%. Caso as despesas com o programa habitacional, que totalizaram R$ 7,7 bilhões em 2011, deixem de ser classificadas como custeio e passem a integrar os investimentos, o custeio teria crescido 8,1%, e os investimentos, 13,4%.
Atualmente, o Minha Casa, Minha Vida é classificado como custeio porque o dinheiro não é aplicado diretamente na construção de moradias, mas em subsídios para financiar a compra de unidades habitacionais a juros baixos. A equipe econômica passou a entender que o programa deveria ser considerado investimento porque resulta na ampliação da oferta habitacional do país.
Sobre a evolução dos investimentos em 2011, Augustin reconheceu que as obras federais não avançaram no ritmo que o governo gostaria. Ele atribuiu a desaceleração ao começo de governo, quando muitas equipes nos ministérios são reformuladas, e à etapa inicial da segunda parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), em que muitos investimentos ainda estão na fase de projetos e não foram executados.
O secretário declarou que o governo, na verdade, está preocupado com a evolução dos investimentos no longo prazo e disse acreditar que o ritmo de crescimento desses gastos vai se recuperar em 2012. O investimento não é o que gostaríamos, mas esse tipo de gasto tem de ser olhado no médio e longo prazo. Se oscilou num momento ou outro, para mim é irrelevante.
Fonte: Pense Imóvei

Habitação popular já é tempo de descruzar os braços

De um lado, uma triste constatação: 74% do que o Governo destinou aos contratos de habitação popular nos últimos anos não saíram do papel. E de outro lado, o setor de construção civil, afirmando que a produção de novas unidades habitacionais destinadas às famílias de renda mais baixa, enquadradas no Programa Minha Casa, Minha Vida, está inviabilizada pela alta dos preços dos imóveis e pelo aumento das exigências construtivas como as adequações para idosos e deficientes, por exemplo.
Novamente se repete a história de tentar se justificar o injustificável. Há anos, o governo se orgulha ao erguer a bandeira do PAC como uma de suas melhores realizações, responsável por manter o País distante das crises econômicas que vem assolando o mundo. E o carrochefe do PAC, sem dúvida, é o Minha Casa, Minha Vida que, segundo as autoridades, será, em 2012, um dos principais instrumentos para aumento de investimentos e geração de empregos.
Será que após a constatação da auditoria feita pela Controladoria Geral da União (CGU) sobre essas promessas que não se concretizaram, haverá como se justificar que milhões de famílias ainda permaneçam na expectativa de, um dia, quem sabe, conseguir uma moradia digna para se instalar?
A situação é discrepante: a Secretaria Nacional de Habitação afirma que essas famílias já estão beneficiadas, pelo simples fato de ter havido o empenho orçamentário para tal. No entanto, a realidade mostra que, das 4.243 contratações feitas por programas oficiais de habitação popular, 3.140 apresentam problemas, que incluem obras não iniciadas, atrasadas ou paralisadas. E o principal detalhe é que esse número não inclui os contratos do PMCMV, o que, certamente, aumentaria a soma, haja vista que em 2011 o Programa praticamente parou para os menos favorecidos.
Somamse a isso os entraves mencionados pelos empresários da construção civil, que reivindicam uma elevação no valor das unidades atendidas, sob pena de não se conseguir construir mais para o MCMV. E o resultado continuará sendo o mesmo: milhões de brasileiros sem ter onde morar enquanto tentase descobrir a razão do impasse.
O governo repassa a verba e os Estados e municípios não dão andamento aos processos, seja pela morosidade nas licitações públicas, seja pela falta de pessoal especializado para executar o serviço, seja pela complexidade de infraestrutura necessária. Os empreiteiros não viabilizam os projetos, seja pela falta de terrenos e pelos preços excessivamente altos das áreas disponíveis, seja pela própria especulação imobiliária que o MCMV proporcionou, inflacionando o valor dos imóveis. Em suma, a impressão é que os braços estão cruzados enquanto há muito por fazer.
É incontestável a importância do Programa Minha Casa, Minha Vida para que se mantenha a estratégia de crescimento econômico do País. Mas falta aos estrategistas a visão social, que consegue perceber a urgência para a solução do déficit habitacional, a premente necessidade dessas famílias carentes de um lugar digno para viver.
Enquanto persiste o cabo de guerra entre governo e empresários, continuam vagos milhares de imóveis usados em todo o País, quando poderiam fazer parte dos mesmos benefícios do Programa e atender exatamente essa parcela mais necessitada da população. É certo que a construção de novas unidades faz girar a roda da economia, dá emprego a muita gente e, de quebra, contribui para diminuir a demanda por moradia. O que não se pode ignorar é que o segmento de usados é uma força extra, capaz de reverter esse quadro de frágil credibilidade de nossa política habitacional.
CRECISP

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Investidores trocam bolsa por mercado imobiliário brasileiro

O ano de 2011 foi de pânico em todos os mercados. Quem investe em ações, salvo algumas exceções, enfrentou um difícil período de instabilidades e perdas, principalmente por conta das crises de Estados Unidos e Europa. Como resultado, mais de 27 mil investidores deixaram a Bovespa em busca de opções mais seguras de aplicação.

Para este ano, os investimentos em renda fixa estarão em alta. Com eles, deve aumentar também a busca por imóveis comerciais e residenciais como forma de aplicação, já que a valorização desses bens seguirá forte tendência de crescimento até 2015, segundo analistas de mercado.
Na opinião de Alexandre Lafer Frankel, diretor-presidente da Vitacon, comprar um imóvel – mesmo que seja para morar – é uma opção de investimento. “As pessoas não querem mais arriscar”, afirma. Segundo ele, em 2012 o investidor deverá optar por apartamentos residenciais compactos, já que o preço para a compra é bastante atrativo frente à renda que será obtida com o aluguel, “os imóveis precisam oferecer qualidade de vida – agregando mobilidade urbana, tecnologia, praticidade, o que torna os empreendimentos com alta liquidez e excelente rentabilidade” - ressalta ele. (Portal Fator)

Classe C volta-se para investimento em imóvel

A classe "C" que representa atualmente 95 milhões de habitantes no Brasil tem sido cada vez mais disputada por diversos segmentos econômicos do Brasil devido a sua capacidade de consumo que cresce ano a ano em função das facilidades na aquisição de crédito, aumento de renda das famílias e estabilidade no emprego proporcionado pelo aquecimento da economia brasileira. O mercado imobiliário tem identificado, nos últimos anos, nessa classe um novo perfil de investidor. Após adquirir a casa própria, a Classe C investe em imóveis na planta e prontos para ampliar a renda com aluguéis. Em Campinas o aumento em investimento desse público cresceu 40% em 2011.

O diretor de Marketing da Rede Imobiliária Campinas, Antônio De Lucca Júnior, acredita que a Região Metropolitana de Campinas tem como diferencial a situação de migração.
"Nossa região recebe muitos executivos e profissionais devido a instalação de multinacionais, grandes e médias empresas brasileiras que estão migrando muitos profissionais que anteriormente não vinham para Campinas. A classe média apresenta uma estabilidade melhor no emprego e também oportunidade de novas mudanças na vida profissional", avalia.
A disponibilidade nas linhas de créditos oferecidas pelos bancos, também têm contribuído, segundo De Lucca, para a facilidade de investimento em imóveis na planta e prontos por parte da classe C. "Os bancos estão bem competitivos em relação às taxas," afirma.
O caminho traçado por investidores iniciantes é basicamente num primeiro momento conquistar o imóvel próprio, procurando diretamente com a construtora ou no mercado de terceiros, por novas opções de negócio na planta. "No caso do imóvel na planta, o cliente paga à construtora de 20% a 30% do valor total durante a obra", explica.
Depois da aquisição, a valorização média até a conclusão da obra pode variar de 25% a 35%. Por isso, quando o imóvel entra na fase do financiamento, o investidor costuma optar pela venda. "Em alguns casos, o cliente assume o financiamento e aluga para geração de renda e também para cobrir a parcela do financiamento", coloca.
De Lucca lembra ainda que o perfil do investidor está começando cada vez mais jovem.
"De 20 a 50 anos tem muita vontade de investir. Antigamente quando a gente falava de investidor era acima de 45 anos. Hoje diminuiu. Hoje o primeiro bem está muito possível e o mercado está muito cheio de dinheiro para habitação", justifica. Antônio De Lucca orienta que o consumidor tem que ficar atento a detalhes importantes na busca do crédito para o financiamento imobiliário.
"O que deixou de ser um problema que era a taxa do banco, o momento é o quanto vamos pagar de seguro, pois dentro de cada financiamento existe a figura do seguro, que é onde nosso cliente tem que se atentar. Tem que se conhecer o todo, então precisa saber quanto é a taxa, quanto é o seguro e qual a taxa de abertura de crédito. Se o consumidor for atento a esses detalhes ele ganha no final", diz.
O boom de investimento da classe C de 40% registrado no ano passado e que tem crescido desde 2009 na aquisição de imóveis pode apresentar uma certa redução neste ano, pois, segundo de Lucca a instabilidade política que se instalou na cidade a partir do segundo semestre de 2011 acabou por gerar uma certa insegurança no mercado imobiliário por conta que algumas questões importantes precisam ser definidas, principalmente no que tange ao projeto das macrozonas que fizeram com que as construtoras colocassem o "pé no freio" devido a alta de definição com relação a esses projetos importantes para a cidade. "Em razão de tudo que está acontecendo em Campinas do segundo semestre do ano passado pra cá não vai mais ser esse boom, pois diminuiu o número de compras, as construtoras estão tímidas e Campinas deve ter um declínio em 2012. Se Campinas definir macrozonas, as construtoras voltam. Se Campinas definir sustentabilidade para cada bairro a gente consegue aumentar. Imagina que em alguns bairros existem avenidas nas quais 99% são comércios. Se você for ver na prefeitura não consegue alvará porque aquela avenida ainda é residencial, portanto, todo mundo que está naquela avenida está no risco só que está desenvolvendo a região", comenta.
Imóveis comerciais - Antônio de Lucca diz que a classe média ainda pensa em quando do investimento em um segundo imóvel em residencial, no entanto, na sua avaliação é importante para o pequeno e médio investidor pulverizar a cesta, ou seja, se já tem um apartamento onde mora a ideia é tentar comprar uma casa comercial e depois tentar comprar um terreno pulverizando o risco.
Segundo De Lucca, em uma situação na qual há muitas salas comerciais disponíveis no mercado a lei de oferta e procura pode fazer com que ocorra uma desvalorização do aluguel. Os investidores que procuram imóveis com maior geração de renda têm a opção de aplicar as finanças em imóveis comerciais. "Um residencial tem rendimento de 0,5% a 0,6 %, enquanto um comercial varia de 0,7 a 1%.", aponta. (DCI)

Trend Brokers é contra a cobrança da taxa SATI para clientes

Alvo de ação do Ministério Público e do Tribunal de Justiça de São Paulo, a cobrança indevida da taxa SATI (Serviço de Assessoria de Transação Imo¬¬biliária) por parte de corretores de imóveis e imobiliárias continua sendo uma prática utilizada por algumas empresas do mercado imobiliário. A ilegalidade dessa cobrança está na omissão da taxa, que surge apenas no momento da compra, na obrigatoriedade de contratar o serviço com a própria imobiliária e na dependência do fechamento do contrato ao pagamento da taxa.

Entretanto, o empresário Márcio Souza, diretor da Trend Brokers, imobiliária boutique, defende que nem todas as empresas que prestam serviço de corretagem estão na mesma posição. “Os clientes ainda podem contar com imobiliárias que não cobram a taxa, aliás, na sua grande maioria”, destaca ele.
Em defesa de um posicionamento diferenciado para o mercado imobiliário, Souza criou em 2011, com mais dois sócios, Rubens Bocuti Jr. e Edilson Faust, a Trend Brokers, imobiliária que nasceu justamente dessa necessidade de atendimento qualificado e preferencial ao cliente, inclusive com serviço de pós-venda. “Acreditamos que estamos aqui para entender e satisfazer a necessidade de nossos clientes”, pontua Souza.
O diretor orienta ainda que para evitar esse tipo de cobrança abusiva, o consumidor deve estar atento aos valores do extrato da venda, no momento em que entrega o pagamento do imóvel para a imobiliária. “Caso o cliente não tenha interesse nesse serviço, ele pode recusar o pagamento do SATI ou ainda procurar o serviço de assessoria jurídica por meio de seu advogado ou consultor de confiança”, garante

Tecnologia muda rotinas na construção de imóveis

Esqueça as antigas pás de pedreiro. Hoje, as obras contam com equipamentos que aumentam a produtividade, como lixadeiras elétricas, pernas mecânicas que ajudam na pintura de tetos e pistolas de tinta que substituem os pincéis e rolos. Algumas inovações são criadas de acordo com a necessidade dos canteiros e há avanços na construção de moradias pré-fabricadas. Um parque tecnológico voltado para pesquisas de novos produtos para o setor, com investimentos de R$ 25 milhões, deve ser construído neste ano, no Distrito Federal.

O mercado já oferece sondas automatizadas para a investigação de terrenos, máquinas de múltiplas aplicações, com funções de empilhadeira, pá carregadeira e guincho; além de britadores de resíduos e guindastes com maior capacidade, diz Wilson Shoji Iyomasa, professor do curso de engenharia civil da Universidade Anhembi Morumbi. A aceleração de obras relacionadas com a Copa e com residências de interesse social, além de novas redes de infraestrutura, linhas metroviárias e rodovias, deve movimentar a indústria de equipamentos para a construção civil, durante 2012, avalia. A maior parte dos produtos que usa tecnologia de ponta é importada.
Pernas mecânicas, feitas de alumínio, substituem os andaimes para serviços de pinturas de forros - Uma das novidades nos canteiros são pernas mecânicas, feitas de alumínio, que substituem os andaimes para serviços de revestimentos e pinturas de forros. Alguns modelos, que lembram pernas de pau mais modernas, alcançam até três metros de altura. Um sistema de molas ajuda a amortecer os movimentos do trabalhador no solo. O mercado brasileiro vai experimentar avanços em tecnologias embarcadas, no uso de novos materiais para aumentar a capacidade de construção e em equipamentos para reciclagem de materiais, por conta de questões de sustentabilidade, diz Iyomasa.
Sediada em Camboriú (SC), a Via Trade se especializou na importação de máquinas, ferramentas e equipamentos para o setor. Mais de 85% dos clientes são pequenas e médias construtoras. O negócio começou em 2005, com três funcionários e hoje emprega 80 colaboradores, com um faturamento de mais de R$ 6 milhões. Vendemos mais de 30 tipos de produtos, explica a diretora Roberta Quentel de Mello. Os equipamentos mais procurados são cortadoras de paredes que chegam a cortar um metro de tijolo em menos de 20 segundos, minigruas para a elevação de cargas de até 500 quilos e escoras metálicas que substituem a madeira.
Em 2012, a empresa pretende adicionar pelo menos cinco novas linhas no catálogo, como máquinas de elevação de carga e de equipes de trabalho. Até dezembro, vai investir R$ 1 milhão em estrutura operacional, melhorias no setor de logística, pesquisa de novas tecnologias e na participação de feiras de equipamentos. Esse valor representa mais do que o dobro do montante aplicado em 2011, diz Roberta.
Na SH, empresa fluminense que vende e aluga formas, andaimes e escoramentos, as principais novidades em 2012 são formas de alumínio para paredes de concreto e mesas deslizantes para escoramento de lajes. No ano passado, para incrementar as vendas, investiu na segmentação de entregas por tipo de cliente e ramo de construção. Criamos um site para compartilhar ideias entre clientes, fornecedores e universidades da área da construção, conta o diretor de negócios Marcelo Milech.
A SH também ficou conhecida no mercado por criar o Lumiform, uma forma para concretagem rápida de casas e apartamentos, em ciclos de dois dias de construção. De acordo com a empresa, as formas substituem os blocos de alvenaria e eliminam as etapas de chapisco e reboco, cortando custos e prazos, com até 85% de ganho de produtividade. A residência fica liberada para acabamento já com as tubulações e a montagem funciona como um 'lego', encaixando as partes de acordo com o projeto.
A tendência no setor é a maior industrialização dos processos produtivos na construção civil, com novas tecnologias ligadas à preservação do ambiente, diz Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A entidade mantém um programa de inovação tecnológica (PIT) para estudar e definir diretrizes para o desenvolvimento e difusão de novas invenções.
Na área de casas pré-fabricadas, a paranaense Terra Brasil também desenvolveu um conjunto de vigas e painéis de concreto armado para paredes, voltado para moradias de portes variados. O sistema promete reduzir a necessidade de mão de obra e não usa formas de madeira.
O segmento de construção em moldes industriais ainda é pouco explorado e precisa desenhar melhor custos e processos para ganhar mercado, avalia Sérgio Guimarães Pereira Jr., diretor da Vallor Urbano, empresa especializada em urbanização. (Valor Econômico)

Crédito imobiliário deve atingir R$ 103,9 bi em 2012

O mercado de crédito imobiliário com recursos da caderneta de poupança cresceu 42% durante o ano de 2011, com o volume de R$ 79,9 bilhões em financiamentos para a compra e construção de imóveis. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que projeta para 2012 uma expansão entre 30% e 35%, para R$ 103,9 bilhões, com potencial de elevar ainda mais, já que a participação no Produto Interno Bruto (PIB) está em apenas 4,7%. Fontes de recurso complementares à poupança continuam em estudo pelo mercado, diz a Abecip, com previsão de regulamentação para este ano.

O atual presidente da associação, Octavio de Lazari Júnior, empossado em 8 de dezembro de 2011, credita o crescimento ao cenário macroeconômico brasileiro, com baixos índices de desemprego e ascensão da renda. "Os indicadores levam a crer que haverá um crescimento maior da participação do crédito imobiliário no PIB, que ainda é pequeno". O executivo também é diretor da área de empréstimos e financiamentos do Bradesco.
Enquanto o Brasil tem 4,7% do PIB nos empréstimos habitacionais, a relação na China chega a 11%, no Chile em 19%, na Alemanha fica 48% e na Holanda a participação fica em 106%.
Questionado sobre o número ter sido inferior ao projetado em setembro do ano passado, de R$ 85 bilhões, Lazari diz que o principal problema foi a falta de mão de obra qualificada na construção civil. "Alguns empreendimentos atrasaram e empurraram para 2012. Mas é importante crescer passo a passo, e foi sadio para o setor."
Outro ponto levantado pelo presidente da Abecip diz respeito à expansão sustentável do setor que deve ocorrer este ano. "Vai crescer um pouco menos em 2012, porque existe uma preocupação. As construtoras vão procurar cuidar da grade de custos, lançamentos de imóveis mais rentáveis e com valor agregado, com foco em bons resultados. O volume será menor porque as empresas olharão para si mesmas para obter um melhor resultado em 2012". No último ano, foram financiadas 493 mil unidades, o que corresponde a um acréscimo de 17% ante 2010.
Apesar da preocupação com a expansão de forma sustentável, a principal fonte de recursos financeiros para o mercado de crédito imobiliário, a poupança, não apresenta números que acompanham este crescimento. O saldo da caderneta de poupança no último ano chegou a R$ 330,6 bilhões em dezembro, alta de 10% na comparação com o mesmo período de 2010, que ficou em R$ 299,9 bilhões. Entretanto, a captação líquida totalizou R$ 9,4 bilhões, queda de 68,14% ante 2010, quando somou R$ 29,5 bilhões.
Segundo o presidente da Abecip, o prazo para que funding comece a fazer falta continua a ser o final de 2013, mas a associação, junto com as instituições financeiras e com o governo, já analisa ferramentas complementares, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e covered bonds. "Já estamos trabalhando. O covered bond já está evoluído e há outros mecanismos complementares. Deve sair ainda este ano uma regulamentação para que as instituições comecem a atuar." Lazari ainda acrescenta que os títulos possuem atratividade para o investidor no sentido de ter garantias do banco e do imóvel. "Ainda está em discussão qual seria o indexador desses papéis."
Do total de 493 mil imóveis financiados, 65% são usados, e 35%, novos. O LTV médio, que corresponde ao volume que é financiado, chega 63%, com valor médio de R$ 162 mil. Já os empreendimentos financiados com o crédito imobiliário atingiram 1,6 mil no último ano. (DCI

Salário da construção encosta na indústria

Pela primeira vez em cinco anos, o salário inicial da construção civil está próximo do pago pela indústria da transformação na região. Em 2006, a remuneração média nos canteiros de obras era R$ 1.080,17 e no chão de fábrica chegava a R$ 1.277,64, valor 18% maior. Mas no ano passado, a disparidade caiu para 12%, com as empreiteiras pagando R$ 1.266,62 e as fábricas, quantia de R$ 1.418,20. Os dados foram extraídos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego.

A falta de mão de obra qualificada na construção somada ao boom imobiliário que a região vivencia foi um dos responsáveis pela alta dos salários. A diretora do Sindicato da Indústria da Construção do Grande ABC, Rosana Carnevalli, explica que desde 2006, além da correção da inflação, os trabalhadores do setor têm ganho real na remuneração. A formalização foi outro aspecto importante. "Foi um plano do SindusCon-SP para valorizar a categoria e tentar reter profissionais no momento em que a construção se recuperava de um período de recessão."
Atualmente, o salário de admissão nos canteiros das sete cidades está à frente do comércio (R$ 943,08), serviços (R$ 977,79) e administração pública (R$ 908,47). Para o professor do Observatório Econômico da Universidade Metodista Sandro Maskio, que fez o levantamento a pedido do Diário, a tendência é que o valor pago aos pedreiros, marceneiros, ferreiros e carpinteiros se eleve nos próximos anos devido às obras de infraestrutura para os eventos esportivos e a demanda do programa Minha Casa, Minha Vida.
INDÚSTRIA - Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, afirma que a importação desenfreada por parte das montadoras está ocasionando desindustrialização e deixando de gerar empregos. "A cada ano, os profissionais experientes, com maiores salários, são dispensados. No lugar deles são contratados metalúrgicos que ganham o piso. Essa prática está achatando o salário na indústria do Grande ABC", critica.
Espirro salienta que o aumento com ganho real de 3,1% no ano passado não tem conseguido superar a alta rotatividade nas fábricas. Ele destaca que a valorização dos profissionais da construção com carteira assinada, pagamento de benefícios e capacitação nos próprios canteiros é uma situação pela qual a indústria passou há muitos anos.
A diretora regional do SindusCon acredita que é uma questão de tempo para que a remuneração na construção civil alcance o da indústria. Essa situação é, inclusive, cada vez mais real no País. Dados do Ministério do Trabalho mostram que o salário na contratação do setor em 2011 foi de R$ 933,33, enquanto na indústria da transformação foi de R$ 941,83. (Diário do Grande ABC